Arqueologia

Uma viagem à sua “pré-história”…

O lugar onde a Tomaz Pelayo se veio a erguer, está cheio de recordações de um passado bem distante até, ao fundo mesmo do túnel do tempo e da história…

Divisar-se-ão pegadas sensíveis da idade do bronze! Ouvir-se-ão, pesados e solenes os desfiles marciais das legiões romanas!…Como bem os ouviu efectivamente – não fosse ele de tão fina percepção! – o grande Leite de Vasconcelos, quando, em 1893, numa visita à área circundante da nossa escola colocou a hipótese de que aqui se situaria o contexto original da lápide votiva de Lúcio Valero Silvano, um militar da 6ª legião romana, a Vencedora. 

Um dos primeiros a interessar-se por revolver o pó acumulado na roda das estações, por sobre esta colina sobranceira ao rio Ave, na mira das suas riquezas e dos seus tesouros arqueológicos, foi o Abade Pedrosa, aliás um dos nomes alternativos para a designação do padroeiro deste estabelecimento escolar. Muitas informações dele passaram, directa ou indirectamente, para as mãos de distintos arqueólogos, como Martins Sarmento, Hubner, Leite de Vasconcelos, etc.

 

Enriquecendo os dados do Abade Pedrosa com novas achegas da sua investigação, como de outros mais, dá Carlos M. Faya Santarém uma vista de conjunto do problema:“Em toda a freguesia de Santo Tirso, tanto a Sul do Rio Ave, na margem esquerda, como a Norte, têm sido recolhidos, acidentalmente, durante a execução de obras, objectos de várias épocas de reconhecido interesse arqueológico.”

Assim, a cerca de mil metros do Corvilho, em linha recta para SW, na Chã da Presa, foi recolhido há já bastantes anos um machado de talão e duplo anel(…) que se conserva no Museu de Santo Tirso. Sem indicação do lugar encontram-se no Museu três machados de pedra recolhidos na freguesia de Santo Tirso, possivelmente do neolítico final ou já do eneolítico. Do período Luso-romano, do século I, existe, incrustada numa parede do claustro do antigo Mosteiro Beneditino de Santo Tirso, a lápide votiva, já com larga bibliografia, dedicada ao deus Turiaco pelo soldado Lúcio Valério Silvano, militar da 6ª Legião a vencedora (…) e do séc. III ou IV da nossa era é o mobiliário fúnebre conservado no Museu e recolhido na necrópole da Quinta da Devesa, Quinta onde a nossa escola foi construída, que fica a cerca de 500 metros a Norte do Corvilho. 

Quando a Escola nasceu, um formigueiro humano e manso, medonho de anos e canseiras, carreava para o celeiro da história os grãozinhos minúsculos de uma subsistência, sem interrupção. Augúrio de outras labutas, de hoje, sem arados nem enxadas – antes com livros e penas -, em todo o caso nos mesmos suores com que também se arranca à terra-madre o quente pão do espírito. Uma teia inacabada de Penélope: já pronta – ou quase ! – e logo a refazer-se. Mas nunca a repetir-se. Antes, dialecticamente, a retomar-se num movimento que a há-de projectar no sentido de um futuro, que cada vez mais longe se divisará….